Catequista por vocacao

Ir. Maria Rosa Zancanaro, CICAF

No quarto domingo de agosto de 2020, XXII Domingo do Tempo Comum, celebramos o dia da(o) catequista.

É muito gratificante a Igreja poder contar com pessoas que se dispõe a fazer ecoar a Palavra. São incontáveis na lista das comunidades. Louvamos e bendizemos a Deus por tamanha benção e graça. E ousamos perguntar: catequista, você já pensou o que é ser catequista? Já pensou na sua importância dentro da Comunidade-Igreja?

Pois bem, ser catequista é responder ao chamado de Deus para ser testemunha do seu Reino. Ser catequista é exercer a vocação cristã no seguimento de Jesus Cristo, como discípulo missionário do Evangelho, que anuncia que Deus ama de forma incondicional, chama pelo nome e denuncia tudo o que é contrário ao projeto d’Ele.

Ser catequista é ser “encantador de gente”. É ter a capacidade de abrir os olhos das pessoas para o sentido da vida, para si mesmos, para o mistério do mundo e de Deus. É ouvir a voz de Deus que convida a ser comprometido na missão de construir um mundo novo.

A catequista, mesmo limitada, se coloca a caminho, em busca da Palavra de Deus, de formação, reflexões, conversas, partilha de experiências. Faz questão de participar do grupo de catequistas porque acredita que o trabalho em grupo é capaz de remover obstáculos e criar coisas novas.

A catequista é uma pessoa apaixonada pela Palavra de Deus, pela Leitura Orante, porque nela descobre a alegria de viver e anunciar a fé na vida. É pessoa de oração.

A missão de catequista requer um trabalho conjunto, integrado, entre catequese, liturgia, pastorais e movimentos. A catequese não é um ato isolado, desligado da comunidade, da família, das pastorais e movimentos. Essa visão de catequese já foi superada. Os tempos atuais exigem catequese em rede. Toda comunidade eclesial é um tecido que deve colaborar com a educação da fé e iniciação à vida cristã de adultos, jovens e crianças.

A catequista sabe que a amizade é o encanto da caminhada e da vida. Ela é alguém que aprendeu a ser criativa. Cria a arte de ser amiga dos catequizandos, mostra a beleza de ser cristão e de viver em comunidade, porque a vida cristã é um fato comunitário: se recebe, se aprende e se vive na Igreja.

A catequista não desiste diante dos desafios que aparecem na Igreja, na comunidade, no grupo de catequistas, no grupo de catequizandos. Se preciso, chora sem endurecer o coração.

A catequista descobre a Internet e a redes sociais como lugar de evangelização e toma consciência de que Deus se revela em todo lugar. Ela está atenta às novas linguagens e tem na música, na arte e na poesia formas privilegiadas para a transmissão da fé no mundo de hoje, porque Deus é beleza, esplendor, ternura e encanto.

A catequista é pessoa íntegra, justa, solidária, verdadeira, de bem com a vida, comprometida com a comunidade de fé e assim inspira a comunidade, agrega pessoas, vislumbra novos horizontes. “É feliz porque se deixa surpreender pelo amor de Deus”, nos diz o Papa Francisco.
A catequista não é professora que ensina a doutrina cristã. Ela faz encontros e não aulas. É pessoa que vive a fé no seguimento de Jesus Cristo. Sabe-se que sem seguimento a Jesus, não há conhecimento ou técnica que salvem.

Ser catequista é viver a espiritualidade batismal, que é de comunhão com Deus e de amor pelos irmãos; é ser presença amiga, acolhedora e solidária que, como membro especial da comunidade e sua porta-voz, é chamada a traduzir este chamado em gestos concretos, apoiando a família e o catequizando; é uma pedagoga que tem como modelo a pedagogia divina do diálogo e do encontro.

A boa catequista aprendeu a valorizar as dinâmicas educativas, trabalhos em grupo e meios de comunicação, pois a catequese é arte, é um saber fazer.

A catequista se esforça para conhecer a realidade e a cultura em que vive, num diálogo capaz de conduzir ao discernimento dos valores. A catequista está sempre em formação. “As condições do mundo atual tornam cada vez mais urgente o ensino catequético sob a forma de catecumenato, para jovens e adultos que, tocados pela graça, descobrem pouco a pouco o rosto do Cristo e experimentam a necessidade de a Ele se entregar”, exortava, em 1975, o Papa Paulo VI.

A catequista é amiga de Jesus que lhe diz: “já não vos chamo de servos porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; chamei-vos de amigos porque vos manifestei tudo o que ouvi de meu Pai” (Jo 15,15). E o Papa Francisco nos diz: “cada cristão e cada comunidade há de discernir qual é o caminho que o Senhor lhe pede. Todos somos convidados a aceitar esta chamada: sair da própria comodidade e ter a coragem de alcançar todos as periferias existenciais que precisam da luz do Evangelho”.

Por fim, a catequista é uma pessoa de fé e de esperança diante dos impasses que a vida apresenta. Neste tempo de pandemia, onde somos orientados a manter distanciamento, a estar em quarentena, a usar máscara, a catequista pode ser fonte de esperança, de testemunho e de ânimo. Afinal, as mudanças foram muito bruscas nas relações pessoais, nas rotinas da vida e de trabalho, e o momento pode ser usado para pensar novos rumos e buscar soluções criativas para questões que vinham sendo arrastadas no piloto automático do dia a dia. Este tempo nos fez “aprender a diferença entre o necessário e o supérfluo”. Foi preciso usar o “ócio criativo”, como nos diz Domenico de Masi, sociólogo italiano. Com tanta incerteza no ar, é importante rezar mais, meditar mais, ler mais e comunicar-se com os catequizandos e familiares com muita empatia.

Catequista, parabéns pelo seu dia! Em nome do Bispo Diocesano, Dom Silvio Guterres Dutra, do Padre André Varisa, referencial da Catequese Diocesana e Irmã Maria Rosa Zancanaro, Coordenadora Diocesana da Animação Bíblico-Catequética, cumprimento cada catequista e incentivo a continuarem firmes na missão. Nossa Senhora da Oliveira abençoe, guarde e proteja todas(os) os(as) catequistas de nossa Diocese.

Ir. Maria Rosa Zancanaro, CICAF

Maria Rosa Zancanaro é religiosa da Congregação das Irmãs Catequistas Franciscanas, graduada em Ciências Biológicas pela InC, Mestre em educação pela UNICAMP em 2003. E coordenadora de Animação Biblico-Catequetica da Diocese de Vacaria.

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As opiniões expressas no presente artigo, são de total responsabilidade de seus signatários, não expressando a posição oficial da Igreja Particular de Vacaria.

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